terça-feira, 18 de outubro de 2011

2 poemas de Gregório Duvivier

Além de ótimo ator e comediante, o cara manda bem na poesia


gênese II 


No princípio era o verbo
uma vaga voz sem dono
vagando pela via láctea

Depois veio o sujeito
e junto com ele todos
os erros de concordância.



¨
quando se perde um braço ou uma perna 


quando se perde um braço ou uma perna
o membro perdido continua a coçar, reza
a lenda e a revista super interessante, e eu
que nunca amputei um braço ou uma perna
mas já perdi de vista algumas partes de mim
mesmo de vez em quando sinto coçar pessoas
que eu perdi de vista porque foram morar longe
cansaram-se de mim ou morreram de desastre

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