domingo, 20 de dezembro de 2009

Negative Spaces

Alguns trabalhos do ilustrador israelense Noma Bar, conhecidas como Ilustrações Negativas (Negative Spaces).








quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Preciso dizer que te amo...

Brigitte Bardot. Uma das grandes maravilhas da humanidade. Não bastasse nos encantar nas telas, também cantava lindamente.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aviso aos Náufragos

Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.


Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida,
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.


Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta página, papiro,
ai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
o que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?

Paulo Leminski

sábado, 12 de dezembro de 2009

SÁideira

Programa especial apresentado pelo ludopédico Xico Sá, gravado no boteco preferido dos escritores de SP, a Mercearia São Pedro.
Dividido em três blocos, tem a participação de nomes como Sérgio Santanna, Mario Bortolotto, Reinaldo Moraes e o cantor Junio Barreto. Uma verdadeira pérola perdida no youtube.






Banksy



Me too... and maybe we can

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Nós sempre teremos Paris...


De Henri Cartier-Bresson, a foto célebre que deu à Cidade Luz a fama de capital do amor...

O direito de ser sujo

Geisy só queria se exibir. Rebolava alegre, bundinha empinada, vestidinho curto, exercendo seu direito de querer ser sexy. Acabou hostilizada por moleques tarados e mulheres invejosas, indignados, tanto pela audácia da loira, quanto pela vontade de possuí-la ali mesmo. O sexo, ou sua insinuação realmente nos perturba, é fato. É só lembrar como padres e bispos agiram sob celibato ao longo de todos esses séculos.

A mídia então se manifestou. A Uniban também. Resolução da faculdade: é proibido ser insinuante, é contra os bons costumes. Estás expulsa! Mas que bons costumes? Somos um povo que respira sexo, transpira luxúria, e faz debates em botequins, resolve seus problemas à base de pizza e cerveja. Não discutimos os problemas verdadeiros que dificultam nosso sucesso como nação civilizada. Debate-se os fatos, os acontecimentos, mas não seus meandros, as causas, as conseqüências, as soluções. Uma era de imediatismo, onde preguiçosamente confortados em nossas poltronas nos informamos sobre o mundo – superficialmente - com alguns cliques no Google. E achamos que sabemos de tudo. Mas o que sabemos? Que proibir uma aluna de exibir suas curvas vai dar mais moralidade ao “ambiente escolar”, e até a própria moça, como uma mulher que deve ser decentemente “digna”?

Eu sei que nada sei. Mas eu sei que agora também é proibido fumar em ambiente público fechado. Ok, concordo em partes. Nunca gostei de ser um fumante passivo (eu, que criticava veementemente quem fumava, hoje também molesto meus pulmões), que dizem alguns ser praticamente um estupro pelas narinas. Tudo bem, vamos respeitar a saúde do outro. Mas proibir fumar em boteco? Quem freqüenta esses singelos e simpáticos ambientes familiares senão sujeitos que querem afagar o estresse do dia, as mazelas da vida, rir um pouco dela com os companheiros de labuta bebendo uma cervejinha gelada em meio à névoa de cigarros baratos?

Mas não me preocupa apenas a proibição de não poder fumar nestes lugares. Sei que o tabagismo já matou mais que regimes totalitários e desastres naturais. O ato de proibir o ato de fumar sim que me preocupa, a privação de exercer seu livre arbítrio, de poder escolher me destruir ou não. Isso sim me preocupa, e esses tipo de proibições trazem em si uma carga reacionária. O Estado não tem o direito de decidir o que é bom ou não para alguém, mas sim garantir os direitos básicos de qualquer cidadão. E isso vale também para o modo de como nos comportamos perante os outros. A escolha de usar vestidos curtos, vestir uma cortina se quiser, ter relação com pessoas do mesmo sexo, isso não pode ser proibido por ninguém. Muito menos uma instituição de ensino superior, que deveria ser o santuário da liberdade de expressão e laboratório de ideias.

Tudo bem, todo governo e instituição pública ou privada tende a ser controladora. O que me perturba na verdade é como a sociedade está descambando para essa tendência. Uma certa higienação exagerada. Não só estética, física, mas ideológica. Quando vejo num comercial o slogan “Para o homem bem feito, barba bem feita”, penso em que tipo de homem estão se referindo? Não devem estar falando do Lula então. Ainda mais pela famosa veia pinguça do chefe. Ou de um pobre trabalhador que não pode ter um Mach 3, aquele que o Kaká usa (mesmo sem ter barba), que bebe e fuma(va) no botequinho perto de casa. Não, não deve ser dele que estão falando.

Num mundo onde as ideologias morreram ou viraram estampa de camisa, onde se valoriza a estética ao conteúdo, o prazer e o sucesso acima de tudo, ainda sim sinto um certo patrulhamento ideológico pelo “clean”, pelo cool, onde você é o que você veste e consome. Quem se veste com marcas é bonito e legal, quem se veste estranho é “descolado”, quem se veste simples é pobre, quem se veste pouco é puta. Todos querem se destacar do gado, mas esse distanciamento, essa exacerbação do eu, do prazer próprio à qualquer custo, só os une num vazio conjunto. E numa limpeza eternamente entediante. Qual o problema de ser sujo? Eu tenho direito de não fazer minha barba, de cheirar a cigarro e tomar um porre, assim como as mulheres tem o direito de serem “cachorras”, sem medo de sermos felizes.

Uma proibição dá margem a outras. Logo defenderão o expurgo definitivo do cigarro. Depois, de beber nas ruas, nos bares, até a proibição do próprio consumo etílico. Nem água beberemos, pois acabará. Encheremos a cara de ki-suco e tubaína. Estará proibido o porre! Que porre de vida será viver num mundo assim, sem bebida, sem cigarro, sem micro-saias, sem rock’ n roll (sim, nem ele resistirá a tanta caretice).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Beatniks

Canção

O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo da solidão,
sob o fardo da insatisfação

o peso
o peso que carregamos
é o amor.

Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -

sai para fora do coração
ardendo de pureza -

pois o fardo da vida
é o amor,

mas nós carregamos o peso
cansados e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente temos que descansar
nos braços do amor.

Nenhum descanso
sem amor, nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo é o amor -
não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo quando negado:

o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.

Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -

sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

Allen Ginsberg (1926-1997)

A Noite

Cena do filmaço A Noite (1961), de Michelangelo Antonioni. A obra faz parte da chamada "Trilogia da Incomunicabilidade" idealizada pelo diretor, e traz Jeanne Moreau e Marcello Mastroiani vivendo uma crise existencial no casamento.
Esta cena se passa numa boate de jazz, com uma linda dançarina fazendo uma performance sensacional, em meio a crise do casal.




sábado, 7 de novembro de 2009

Brave New World



Onde crianças de 7 anos não vão à zoológicos, jardins, playgrounds, escolas. Vão para delegacias.

Arte do grande artista de rua inglês Banksy.

Cosedor de músicas



O talentoso multiinstrumentista e produtor israelense Kutiman revoluciona e arrebenta em Thru-you, projeto que utiliza como matéria-prima musical videos de usuários do youtube. De aulas instrumentais a perfomances artísticas individuais de todos os tipos, Kutiman fez uma verdadeira colagem de aúdio e video para criar um álbum criativo, diversificado, com muito groove e melodias certeiras. Babylon Band é uma de suas faixas mais explosivas e fenomenais.

http://www.myspace.com/kutiman

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Código Tarantino



Selton Mello e Seu Jorge filosofam em um bar sobre a obra de Quentin Tarantino. Com diálogos hilários, os dois discutem uma possível ligação entre os roteiros e filmes do diretor. Tarantino´s Mind (2006). Curta metragem. Direção: 300 ml.

Arte nipônica



Schlangen (serpente, em alemão) gravura de Yoshitaka Amano, artista plástico e character designer da série Final Fantasy.

Pin-up praieira

Em homenagem a esse gostoso calor...

Chove Chuva

Versão maravilhosa da grande cantora sul-africana Miriam Makeba para esse clássico de Jorge Ben. Nascida em 1932 na capital Joanesburgo, ficou mundialmente famosa com o sucesso de sua canção Pata Pata. Ativista dos direitos humanos por toda sua vida, "Mama África", como também é conhecida, morreu em novembro de 2008, após sofrer um ataque cardíaco em pleno palco. O show era em apoio ao escritor italiano Roberto Saviano, autor de "Camorra", livro polêmico que revela as entranhas da máfia napolitana, e que desde então o jurou de morte.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

poetagens

Descobrir-te
saber quem tu és
depois de tanto crer
e através,
dos olhos da alma
enxergar-te
sem precisar ver.
Apenas te sentir
como sentimos a presença de encostos,
anjos e demônios
Que teu espírito me possua
e tua ausência se materialize
em meus sonhos
Para em tua essência te encontrar
e depois,
me exorcisar.
Num quarto escuro como a noite
com nosso corpo deitado em cruz
Numa cama branca, etérea, lunar
quente e abençoada com nossa luz

poetagens

O que é um homem senão uma besta?
sedenta e faminta
por amor e carinho
domando seu instinto brutal
com poesia e vinho
enjaulado numa cela carnal
sim, somos todos animais
fingindo sermos domesticados
mas a razão nos deixa irracionais
é a paixão que nos torna humanizados


microcrônica

Vivia com o lixo. Não propriamente nele. Mas dele. Revirava, separava, recolhia. E alimentava o caminhão, sua esposa e filhos. Sua razão limitada ainda não constatara, mas o inconsciente não falha.
Lá no fundo pensava, que no fundo no fundo, alimento e excremento eram mais próximos do que imaginavam...




poetagens

Varria com distração, às vezes com concentração,
ou até com paixão
Com a vassoura varria o tédio, pensamentos, sonhos
ou cacos de coração

arte por Banksy

Distraídos Venceremos

O primeiro post deste singelo e recém-nascido diário público é uma homenagem ao grande poeta curitibano Paulo Leminski. O poema foi retirado de seu livro Distraídos Venceremos, influência direta e indireta ao nome e conceito deste blog. Postarei muitos outros e em breve o disponibilizarei para download.


PROEMA


Não há verso,


tudo é prosa,


passos de luz


num espelho,


verso, ilusão


de ótica,


verde,


o sinal vermelho.


Coisa


feita de brisa,


de mágoa


e de calmaria,


dentro


de um tal poema,


qual poesia


pousaria?


Eu, hoje, acordei mais cedo


e, azul, tive uma idéia clara.


Só existe um segredo.


Tudo está na cara.